1.5.10

Perengues no Piauí

Como prometi, volto ao tema de minha viagem ao Piauí. Fiquei quatro dias longe da Cau e da Biazinha. Obviamente fiquei com uma saudade danada das duas. Na volta, não consegui me controlar. Dirigindo 659 km entre Guaribas e Teresina, a capital, o que mais roubou meus pensamentos era o dia D que se aproxima --como mencionei na semana que entra faltará cerca de 21 dias para a data provável.
A combinação de uma viagem longa cansativa com uma mente prolixa e digressiva pode ser explosiva. Entre Simplício Mendes e Regeneração, já chegando, um caminhão ficou segurando o desenvolvimento da minha velocidade. Por diversas vezes investi para ultrapassá-lo. Numa delas, em um trecho de descida, ele acelerou mais e deu risada quando não consegui vencê-lo --bastardo, blasfemei. Como diz o ditado, "se não puder vencê-los junte-se a eles". Foi mais ou menos o que fiz, desencanei de deixá-lo para trás, afinal já estava chegando na próxima parada não iria fazer nenhuma diferença.
Mas esse blog não é um diário rodoviário de minha peripécia pelo Piauí, é um retrato de minhas vontades/emoções/sentimentos/aspirações/exasperações sobre a gravidez da Cau e o desenvolvimento da Beatriz. Pois bem, tranquilo, chegando ao destino, pensando no ursinho de pelúcia que comprei para minha filhinha em Guaribas --se ela iria brincar com ele, se iria gostar ou não, se afeiçoar ou não--, eis que o dito-cujo caminhoneiro fez uma freada brusca para ultrapassar uma lombada. A reação foi imediata, ou melhor, quase imediata, afinal estava longe, longe no pensamento. Brequei com controle total da situação, mas, aproximei-me da traseira do basculante um pouco além da conta, nada que uma régua de 30 cm não passasse folgadamente. O fotógrafo (que me acompanhou na viagem) no assento do passageiro ficou branco e sem fôlego pela emoção extra.
Passado o susto --ele, não eu, afinal o pé no freio era o meu--, a viagem continou tranquilamente e os devaneios vieram a todo vapor. Mais próximo de Teresina mais sonhos e aliterações surgiram em minha mente, quase como um passatempo pela monótona quilometragem das estradas piauienses. Num cruzamento, olhei para um lado e não vi ninguém passando, olhei para outro (juro que olhei para o outro) e entrei. Ops... não tinha visto a saveiro vermelha vindo. Novamente, mais um susto --ele, não eu, afinal, a mão no volante era a minha. O carro passou longe, longe, não precisou nem brecar. Em nenhum momento arrisquei um choque desnecessário. A viagem tornou-se mais confortável com esses momentos de serenidade proporcionados pela visão não muito longínqua da nova vida que se aproxima.
Digressões são boas, mas pé-no-chão também. Acho que essa é uma fórmula que se deve levar para a paternidade/maternidade que se avizinha.

Um comentário:

  1. Tem que ter atenção. Na estrada há a seguinte máxima: Quem dirige não ve paisagem. Seja a da estrada ou da sua mente. Aprenda com os erros. A grande maioria dos acidentes tem duas causas básicas, desatenção e alta velocidade.

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