23.4.10

Nice to meet you, Mrs. Vogul

Como disse abaixo, tive a primeira "consulta" ontem com a Dra. Lucy, a médica que fará o parto da Beatriz, programado para algo em torno de 28 de maio. Soube que deveria conhecer a médica no começo da semana. Portanto tive tempo para fazer toda a elaboração de perguntas (esdrúxulas e sérias, absurdas e comedidas) que jogaria no colo da médica. Para preparar o espiríto da Cau, soltava as questões diariamente em pílulas. Obviamente, eu mais choquei a minha mulher do que a acalmei. As dúvidas são impublicáveis, vão desde a saúde da minha filhota até o bem-estar do mini cachorro Schnauzer que vive no prédio. Eu me questionava da água com gás que tomo diariamente, do abacaxi extra durante as manhãs e do balão de hélio usado pelos nazistas em 1933. Tive dúvidas até daquela pílula que deformou bebês na década de 1950 e de bater a cabeça na árvore andando de bicicleta. Vi no encontro com a dra a oportunidade de trazer claridade aos meus pensamentos, tirar-me da escuridão, pois.
Chegamos ao consultório, sentei na sala de espera e fiquei aguardando com o um bom garoto paciente que sou.
Estava muito ansioso, não via a hora de botar meus olhos na médica responsável por tirar a Beatriz de seu quartinho "aconchegante" dentro da barriga da mãe dela e levá-la ao mundo. O aguardo durou cerca de 20 minutos, normal para todo consultório. Eu estava suando frio, boca seca, inquietação --parecia estar esperando um exame de próstata (daqui só uns 10, 15 anos, felizmente).
Entramos na sala, sentei de maneira perpendicular (???) às duas que ficaram frente a frente. Para o meu espanto fiquei mudo, calado, respirava baixo para não atrapalhar a conversa da Cau com a médica. (O engraçado é que a Cau também fica constrangida, parece envergonhada, fala baixo e ri um monte. Ela sempre reage assim quando fala com alguém que tem pouca intimidade.)
Deixei as duas no papo e fiquei observando o consultório da Dra. Lucy. Olhei os livros de ginecologia na estante ao lado e me questionei se eles estavam ali porque ela os consultava ou era só para fazer charme. Vi uma estátua que parecia um bebê dentro do útero acalentado pela placenta. Fiquei intrigado com o fato de ela não usar o computador e escrever as receitas ainda na mão. Aliás, é bom ela ter a destreza nos dedos, afinal vai pegar minha filhinha quando ela cair no mundo. E eu continuava mudo, contemplativo.
De repente, vi que estavamos só eu e a médica na sala. Cadê a Cau? A bolsa dela continuava na cadeira. Ela não deve ter ido longe... Eis que surge a sensação do silêncio constrangedor. Eu na perpendicular, a médica no meu campo de visão C.I.A. e o silêncio nos rodeando. Para sair da situação vexatório em que me encontrava, falei qualquer bobagem travestida de piada que não me lembro qual (algo sobre acessar dados médicos na Internet, provavelmente). O infortúnio durou alguns minutos, mas pareceu uma enternidade.
A Cau reaparece. Estava só de avental e foi se pesar: 68,6 kg. Com a Cau sem roupa para fazer o exame, fiquei acanhado e escondido num cantinho escuro do consultório. A médica quase teve de me agarrar pelos braços para me levar para o lado da minha mulher. Fui e fiquei segurando na mão da Cau. Notei uma câmera filmadora no pé da mesa em que ela estava deitada. Deve ter alguma funcionalidade, na minha cabeça são várias, diga-se de passagem.
A consulta terminou num bate papo tranquilo sobre o peso da Beatriz. Não fiz nenhuma pergunta que gostaria, aliás, nem lembro mais quais eu havia listado, pareceram desimportantes. O que vale é que a médica inspirou confiança. Acho que a Cau e a Beatriz estarão em boas mãos.

3 comentários:

  1. muito obrigada por revelar a Deus e o mundo que ganhei 11 kg.

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  2. É, e vc acabou de revelar o quanto pesa não estando grávida, hahahaha

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  3. gênia! mas td bem, o problema é saber se depois consigo voltar ao que era antes....já estou satisfeita se conseguir!

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