5.4.10

Não foi fácil

O quartinho da Beatriz ficou muito bacana, mas não foi nada simples realizar a tarefa. Além de a óbvia demora em entegar todos os móveis e adereços, a peripécia em colocar tudo na parede direitinho foi bastante complicada e cheia de percalços. Eu e a Cau queríamos deixar tudo pronto o mais rápido possível e havíamos estabelecido ontem como data máxima para colocar o aparador de bolsa, o fraldário, a casinha de bonecas e a prateleira roxa. Acordamos em um domingo chuvoso de Páscoa em dúvida se faríamos o churrasco no clube ou não (tudo pensando em ter mais tempo para arrumar o quarto). Depois de um rotineiro impasse, decidimos que iríamos botar tudo no lugar depois do convescote. Muito bem, isso não é uma tarefa simples porque envolve mexer com prego, martelo e furadeira depois de uma biritada. Chegamos em casa às 19h30, tudo escuro já, eu mais prá lá do que pra cá. Batemos o pé: o dia é hoje!!!!! Lá foi eu tropeçando em tudo, quase me esgueirando nas paredes para pegar todos os instrumentos. Primeira tarefa: aparador de fraldas e afins. Mede daqui, mede dalí, cai de um lado, cai de outro, mete a furadeira na parede e nada de o furo sair por completo. Atingi uma viga, sentenciei. Força extrema e nada. Nisso, a vizinha mala de baixo já estava parindo (ela, não a Cau) de tanta força que fazia para bater com um pau de vassora no teto para reclamar do barulho.
Mais um pouquinho de força e nada. Decidi colocar a furadeira em "full throttle" bate estaca --o problema disso é o extremo estrondo que essa "facilidade" faz, parece uma britadeira num asfalto e imaginem isso na parede de um prédio cuja maioria de seus condôminos são pessoas que já sabem há muito tempo o que é viver. Fiz os quatro furos mesmo assim. Colocamos o "varalzinho" e apreciamos. Que beleza, a birita não influenciou em nada. Passei pelo primeiro teste.
Seguimos para colocar dois preguinhos na parede para encaixar a casa de bonecas. A Cau me pergunta se estou bem para fazer a tarefa. Respondo que sim, óbvio, afinal acabara de fazer quatro furos. Pego o martelo, derrubo o martelo, pego os pregos derrubo os pregos. Piso em falso na caixa de ferramente, dou uma vacilada e quase caio. "Está tudo bem, está tudo bem", disse eu, antecipando os olhares pesados da senhora Cabral. Afinal, não era a cervejinha a mais que me deixou com problemas de manejo de ferramentas, para os desavisados, eu sou desastrado. Então, com ou sem o copinho extra, eu teria derrubado tudo.
Muito bem, seguimos à tarefa dos preguinhos, míseros preguinhos de aço. Raios de preguinhos de aço. Coloquei um na parede, dei uma mezzo medida coloquei o outro. Trabalho feito, só restava encaixar o adorno. Tenta de um lado, de outro, pra cima, pra baixo e nada. Muda de posição, coloca para a esquerda, para a direita. Encaixa um. Mexe de novo, mexe mais um pouco, chacoalha a casinha e nada de o outro prego entrar. Por míseros milímetros, o encaixe não se tornou perfeito. Colocamos a casinha no chão, tiro um dos pregos da parede e refaço o furo. Nova árdua dificuldade, encaixou um, mas não o outro (de novo por malditos milímetros). Refaço o furo. Tudo ajustado. Coloco o medidor de nível... Está torto por amaldiçoados milímetros. Coloco novamente o furo. E, enfim, tudo certo e nivelado.
O aparador de bolsa não deu trabalho. Aliás, depois do trabalhão da casinha, toda a cervejinha do churrasco já havia sido expurgada no suor. O problema é que já se passavam das 21h, hora que todo senhor e senhora que sabem há muito tempo o que é viver estão se preparando para o aconchego da cama. Então, a dúvida: fazemos mais dois furos com a britadeira no asfalto para colocar a prateleira ou não?
Faço um teste fora da parede só para sentir o ronco de Maverick da minha furadeira. A mulher de baixo bate uma vez no teto. Dou duas aceleradas no motor e ela bate duas vezes. Fico segurando o botão por 10 segundos e ela alucinadamente soca com toda a força a vassoura no teto que, imagino, nessa hora, estava todo furado e ela esbranquiçada pelo gesso deslocado. Olhei para a parede, olhei para a furadeira, olhei para o meu relógio, olhei para o taco embaixo do meu pé que havia saído do local por conta da tresloucada. Vi a Cau escondida no outro quarto dizendo estar com vergonha. E dei um foda-se (com o perdão do português porque não consigo pensar em solene palavra que exprima com exatidão o sentimento do momento). A Cau rebate dizendo que se o interfone tocasse, não atenderia. Respondi: "Relaxa, a gente faz que não era com a gente". Meti a broca na parede, fiz os dois furos e, para alegria minha e da Cau, sequer ouvímos a batucada da vassoura, com certeza o ronco era bem maior dentro do quarto. Colocamos a prateleira no lugar e concluímos a tarefa. Aliviados e felizes ficamos. O resultado é esse das fotos do post abaixo. Tudo valeu a pena. Não sei se para a vizinha de baixo.

4 comentários:

  1. realmente fiquei com medo de tudo ficar torto e de sermos mandados embora do prédio antes mesmo de nossa filha nascer. Mas o resultado foi excelente, todos estão convidados a conhecer o delicioso e confortável quarto de nossoa princesa.

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  2. ta tudo muito lindo..certamente a Beatriz vai se sentir muito confortavel quando chegar...amo vcs.

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  3. Puta que pariu, to me mijando de rir aqui em casa lendo isso!!! Vc e ferramentas nao combina mesmo, ainda mais "meio" biritado.

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  4. Dificuldade com pregos é de família, ainda bem que sempre se escolhe quadros são grandes para poder esconder o monte de buracos errados feitos e inúteis.

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