Fiquei um dia longe da Beatriz por conta do trabalho, estava no Rio de Janeiro. A saudade foi imensa e deu até um pouco de dor na consciência de ter a noite inteira de sono para dormir enquanto a Cau tinha que cuidar da nossa filhinha. A felicidade só veio nas três vezes que a Cau colocou o telefone para eu ouvir o chorinho da Biazinha. Nesse tempo longe de casa, fiquei com medo de a Beatriz nem me reconhecer. Minha aflição estendeu-se quando, ao chegar em casa, deparei-me com a minha filhinha dormindo. "Agora que ela não vai saber mesmo quem eu sou". Dei um beijinho um pouco mais estalado para ver se ela acordava. Nenhuma reação, nem uma espreguiçada mais efusiva. Almoçamos, meu coração disparado e cheio de angústia quase não me deixou deglutir a comida.
Quando ouvi o chorinho dela, quase derramei uma lágrima (mais de nervoso do que de felicidade). Terminei o prato meio apressado, meio devagar enquanto a Cau amamentava. Cheguei bem devagarzinho perto das duas para não atrapalhar a Biazinha, mas com um fundinho de esperança que ela iria parar de mamar para dar um sorrisão (por um momento um pouco delirante cheguei a imaginar a Beatriz falando pela primeira vez: "Papai, que saudades de você". Nos abraçaríamos e nos refestelaríamos de alegria pela tamanha precocidade da minha filhota). Longe disso, ela manteve o olho vidrado mamando. Fiquei ainda mais ansioso.
Logo depois do leitinho da mamãe, a Beatriz dormiu. "Pronto, é hoje que não vamos interagir e ela vai esquecer para sempre de mim". A Cau a colocou na cama para ficar mais confortável e, como é de praxe, a Bia reagiu. Estava ela acordando, questionei-me. Cheguei bem pertinho. Vi os olhinhos se abrindo, dei a tal bitoca estalada e... Pronta ela estava com o olhão esbugalhado na minha direção. O problema foi a cara de indiferença que ela fez. Estava lá a minha sentença por me afastar do seio familiar.
Entristecido, decidi fazer o teste derradeiro. Careta (até então infalível) para ela dar uma risadinha. Mal comecei a fazer a cara estranha, ela me olhou e... UM BAITA SORRISÃO SE ABRIU!!!!!!! E assim continuou, olhando para mim, dando risada e se divertindo. Nossa, que alívio. A minha ligação com essa menininha é indissociável.
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